RelatosDomingoTarde

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Domingo 15/07/07 - Tarde

Propostas para Parte da Tarde (16h00)

Pontos levantados por Bráulio, Henrique, Pablo, Diogo, Rhatto, Fabs

Encaminhamentos de métodos e temas, sair com propostas e/ou encaminhamentos concretos ou não, tirar diretrizes, definir pontos do "glossário"(capitalismo, anti-capitalismo-ativismo, autonomia), qual o nível de autonomia mínimo e/ou limite que queremos ter nos nossos trabalhos.

Duas horas para discussão (16h-18h)

Pablo - O trabalho nessas instituições gera resultado e este é o problema. Se você está numa ONG ou na Universidade seu trabalho gera mídia, gera repercurssão, resultado. O problema do financiamento, mesmo quando ele é autônomo, ele sempre caminha para a perda de autonomia. Mesmo com uma idéia legal, e com toda estrutura, com um grupo montado quando você perde o financiamento, você vai atras de outro e quando vê já está dependente. Ativismo é uma coisa, trabalho financiado é outra. Estamos ajudando a construit ongs, universidades, o governo do PT.

Foz - Se entendi bem, precisamos separar trampo de ativismo, certo?

Pablo - Sim, e não estou falando de corporações, mas de quem trampa numa ONG ou pra um governo.

Foz - Uma observação ..O CMI é muito elitizado - quem tem tempo para ser voluntário é o pessoal da classe média, então somos privilegiados.. é apenas para se pensar.. como ganhar a vida e conciliar. Dessa forma ainda é elitizado. De repente se pensarmos outro modo de ganhar a vida..

Diogo - Eu vejo que não podemos nos distanciar da precarização do trabalho que já vem acontecendo há muito tempo. Dentro do meu trabalho na cultura digital e aí eu vejo dentro do trabalho, é onde eu brigo para que a situação não seja precarizada e, é super complicado eu não vou fazer oficinas trabalhando pro governo e ganhar pouco por isso.

Não acredito nessa forma de atuação pelo governo. A outra forma é de fato acreditar que existe uma parte fora do meu trabalho, que é meu ativismo, que pode se beneficiar de certa coias que eu faço no meu trabalho, de certo conhecimento que adquirido lá, mas é um desvio do que eu faço no meu trabalho. Assim como trabalhadores desviavam a produção em benefício de outros trabalhadores.

Sobre a fala do Danilo, se não quisermos ter essa posição priveligiada na sociedade, temos que recursar certas ofertas mesmo.

Ariane - Se você trabalha para o governo, você deve fazer coisas úteis e a partir disso sua luta é lá também. No dia que conseguimos transformar as relações de trabalho, isso é super válido. O lance é as coisas serem expropriáveis. Ganhar dinheiro para sobreviver é outra coisa.Temos que ter cuidado para não estar fortelecendo os aparatos burocráticos.

Márcio - Mais uma vez eu queria pegar uma coisa bem pessoal. Faço parte do Nu-Sol - onde muita gente acha qe entra grana, por um monte de coisas que produzimos, como uma revista, etc - experiências autogestinárias.

Para estudar tenho uma bolsa. A experiência que temos é de todo mês arrecadar uma grana. Não precisamos de financiamento nem nada. Outra experiência é o coletivo Barulho. Cada um dá grana conforme pode. A questão é o quanto de grana eu preciso - não moro na casa dos meus pais, não tenho emprego e não sou rico.

O coletivo Barulho recebeu proposta de patrocínio de uma cerveja - poderíamos pensar que seria um grande esquema, só que em contrapartida teríamos que colocar displays de propaganda. A questão é, em escala, o que atingimos? É um universo muito pequeno. Mas depois que fazemos a revista, a subimos na internet e atingimos mais pessoas.

Henrique - Eu concordo que temos que ter claro que quando estamos numa instuição estamos num campo que restringe a radicalidade e é racional. Tem esse outro campo de um ativismo de ruptura que não vou conseguir trablhando no Estado. Dependedo do tipo de trabalho que estou, tenho que ter ciencia do grau de autonomia que vou ter dentro dele. O que me preocupa é se não acabamos gerando uma cisão entre as pessoas.

Num certo período da vida conseguimos fazer os dois - trabalhar, cuidar da casa e fazer o ativismo com o tempo que sobre. Pessoalmente tento trazer um pedaço da parte do ativismo sabendo que no trampo e na universasidade não vou conseguir a radicalidade disso.

Não podemos esquecer a dimensão econômica do ativismo. Um problema para pensar, se criamos uma dicotomia entre a radicalidade e o plano econômico pessoal - não levar o ativismo ao enfraquecimento com pessoas deixando o ativismo para "cuidar da vida".

O interessante é pensar como ampliar essas iniciativas ou conectá-las para que elas possam ter uma maior força.

Juba - Sobre o que o Pablo falou, minha fala vai ser agora voltada para quem é anti-capitalista.

Separação do emprego e ativismo.. eu acho que isso é muito razoável, porque se chegar num momento onde a gente não consiga mais diferenciar isso, um vai acabar. Eu acho bem plausível de fazer essa separação. Pegando o que eu faço, o meu ativismo não tem nada a ver com o que faço para ganhar dinheiro, ainda. Temos que ter uma visão de querer acabar com isso, quando não vou ter que pensar em forma de ganhar dinheiro. Eu, por exemplo, nunca irei pensar em como ganhar dinheiro com a Muda.

Quando conseguirmos conciliar 24h no ativismo, chegamos numa sociedade ideal.

Stalker - O inapropriável o que uma expropriação razoável em um momento não vai ser em outro contexto. Se voce tem uma definição estratégica muito geral, você precisa ter uma estratégia tática bem definida. a gente corre o risco de cair em uma situação de que "isto aqui é algo que é somente meu trabalho", mas de repente vemos gente aqui que fazem trabalho com coisas que foram adquiridas de certa forma com o ativismo. O ativismo nos traz problemas frescos e nós nos formamos com isso, porque temos experiências com os problemas que nós enxergamos que outros não têm. Como estamos criando contrapartidas nas atividades singulares que a gente tem e que o Estado está de olho. O que estamos fazendo concretamente para tirar nossas produções da esfera de mercado. Não é simplesmente colocar uma barreira entre a vida do trabalho, normal, da vida ativista, anti-capitalista.

Rhatto - Sobre a questão da cisão, o objetivo dela é não fazer que o ativismo seja uma das matérias-primas do nosso serviços. O ativismo que você usa no seu emprego que é a cooptação. A cisão é importante para evitar a apropriação do seu ativismo.

Henrique - Tenho clareza que aí que está o perigo. Isso coloca outros problemas que dizem respeito a auto-sustentabilidade. O contágio quer dizer que o ativismo que eu faço sou eu que faço, o contágio se dá no campo do trabalho nas relações com as pessoas e problemas do convívio, dia-a-dia. Como é possível ampliar esse espaço?

Rhatto - É possível sim atuar dentro do ambiente de trabalho, mas a meu ver isso deveria assumir um aspecto sindical de confronto com a classe patronal e não quando o seu empregador quer mais é que você mude o mundo.

Elisa - Tem um porém nisso que é a maioria de nós é muito nova e o que aprendemos a fazer foi através do ativismo e nossos trabalhos partiram disso. Quando fazíamos um trampo por causa do CMI o dinheiro ia para o CMI.

No caso do Henrique, que o trabalho de fotógrafo é anterior ao CMI, não está claro como concilar essas coisas. Ele não trabalha por causa do ativismo, mas veio para o CMI por causa do seu trabalho. No meu trabalho, com inclusão social e digital de mulheres, eu não falo da Birosca.

Sobre essa separação que você tem que ter muito claro, mas eu ainda não acredito que seja possível separar minhas posições políticas que estão claras no meu ativismo, das minhas horas de trabalho, não dá para ser "duas pessoas", mas não podemos confundir nosso trabalho com o ativismo, não podemos utilizar a estrutura que construimos de forma ativista em nossos empregos.

Giba - Queria lembrar que estamos numa luta contra uma nova mercadoria, que é o ativismo, são as ONGs - que se tornaram uma empresa, uma marca. A melhor defesa é o ataque. Não vou fazer as coisas da rádio livre, do CMI ou do mandachuva para ganhar dinheiro. Como fazer para parar esse processo do produto ativista ser atraente para o mercado, é muito complicado. O que eu vejo em pauta é o "preciso me sustentar", mas tem que ficar claro que nosso ganha-pão é uma coisa, ficar rico é uma coisa e ganhar seu sustento é outra.

Então virou um novo produto. Começar a viver o pós capitalismo... deselitizar o ativismo pode ser uma saída. Deixar de ser a vanguarda e levar para a "massa" esse conhecimento.

Fabs - Sobre doação, queria chamar a atenção que isso coibe a maioria das empresas porque você não pode doar anônimo porque aí as empresas não podem descontar do imposto de renda. É preciso ter ciência dos mecanismos para poder enfrentá-los.

Sobre o copyright, se você está fazendo um trampo para o governo e esse trabalho teoricamente era pra ser pra todo mundo, quem te financiou é que vai ter os direitos sobre essa produção. Mudando o governo, muda quem detém. Sobre o que a Elisa questionou sobre a cisão entre trabalho e ativismo, eu concordo que o trabalho não deva interferir no ativismo, mas acho dificil o ativismo não interferir no trabalho. Eu vejo as possibilidades de trabalho diminuirem pelo fato de eu ser ativista, então mesmo que você não queira interfere sim. Não sei, apenas estou colocando uma questão, eu não consigo deixar de não interferir. Qual o tipo de empresa que você vai trabalhar, é difícil. Eu mesma trabalhei na Phillips-Morris...e por questões pessoais, por ser ativista, foi dificil.

Tai - Eu acho que há sim algumas escolhas que a gente tem que fazer hoje e existe uma diferença entre você participar de um grupo que ajeita um tipo de ajuda - centralizada - e outro que tipo de ajuda que vem de várias pessoas. Essa descentralização pessoalmente acho que é melhor. Eu pessoalmente tento aplicar essa separação por causa disso.

Chico Caminati - A dificuldade de seprar as coisas. Trabalho -manual, fabricas, matéria prima do valor.

Ativismo -> trabalho não alienado. Matéria prima do valor-> invenção.

Micro política, marginal, reinvenção do cotidiano.

Quebrar com as estapas separadas de produção, e envolve as pessoas em todo o processo.

Pablo - Dilema, os beneficios, não compensam os beneficios, estamos perdendo gente.

Os movimentos foram destruidos pelo aparato governamental, nos achavamos que estavamos fora disso, pois eramos radicais demais, mas o aparato nos incorporou, para ser radical dentro dele.

Nós não podemos achar que nosso trabalho, que eh melhor do que trabalhar para uma multinacional, é ativismo.

Temos um papel mais amplo no movimento de Cultura Livre, movimento análogo - > os grupos que começaram com isso, hoje são coordenamos por liberais, nós não gerimos esse trabalho.

Paíque - Conceito clássico de trabalho -> modificação da natureza pra produção...

Categorias de trabalho, estruturação produtiva, flexibilização do trabalho, em que medida isso tem relação com a nossa forma de produção.

Não é dentro do espaço de trabalho que nós determinamos como vamos agir, quais serão nossas ações.

A opção de mundo que fazemos implica em escolhas de vida, os frutos serão demorados, nosso projeto de sociedade não se encerra em nossas vidas.

Saito - Trabalho, no conceito de emprego, na cadeia exploratória.

Diogo - O nosso trabalho é muito próximo do ativismo. Devemos privilegiar as estruturas coletivas para construir o processo de formação. Estamos lidando com novos níveis de exploração, que nem sempre se mostra com o achatamento de nossos salários.

Pajeh - Devemos buscar uma emancipação, ficar livre do poder e de especializações.

Devemos resguardar nossa liberdade, ampliar nossos territórios autônomos.

"A ausencia do contato com a merda, é um luxo que o trabalhador do esgoto não pode ter"

Não há saída sem conhecer o inimigo e sem estudar as alternativas que nos temos, precisamos ter uma reação, estudar as alternativas, não há saída de regime dentro que estamos.

Aline - gratuidade constroi o mercado consumidor, é uma forma de cooptação.

Dicotomia é util pra organização do pensamento, mas na lógica não dá para se pensar assim, precisamos pensar em outras questões, como a localidade.

GPL-> tomar cuidado com ela.

Redes peer to peer.

Juba - licença proibindo a apropriação capitalista.

Gisela - A atividade ativista é um trabalho, cria novas relações. Pensamos pouco nas nossas outras atividades, como reduzir nossos gastos, modificar nossas vidas.

Gus - O que vai diferenciar o trabalho do ativismo, é que em um você vai tirar dinheiro e em outro você vai empregar seu trabalho e as vezes até dinheiro.

Fortalecer mais a questão do anticapitalismo dentro dos grupos.

Capitalistas roubando nossa colaboração, logo os partidos de esquerda vão se apropriar do nosso discurso.

A flexibilização vai se tornar regra.

Controle social da produção.


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