RelatosSabadoManha

Relatos - Sábado 20/08/2011 - Manhã

Escrita por voluntários presentes de maneira rotativa via http://piratepad.net/R71nwfgwoS e posteriormente disponibilizada neste wiki. Vjj

Abertura

10:20hs - começou...

Rhatto: relato sobre encontro anterior de 2007

Apresentação Retrospectiva do Encontro: Cultura Livre e Capitalismo

Bom dia a todos e todas presentes, sejam bem vindos. Farei uma breve apresentação retrospectiva do Encontro para em seguida tratarmos da metodologia e da introdução dos temas.

Entendam que essa retrospectiva inevitavelmente contém parte do meu ponto de vista e que não reperesenta necessariamente o ponto de vista de quem esteve presente na primeira edição.

Peço no máximo 15 minutos.

O Encontro: Cultura Livre e Capitalismo surgiu em 2007 com a necessidade de reflexão por parte de diversos grupos de midiativismo.

De 2003 a 2007 houve uma forte interação, no Brasil, entre grupos de diversas origens, do movimento alterglobalização, de grupos de mídia tática, das rádios livres, de coletivos de artistas, etc. Num momento de grande efervescência, como agora.

Grosso modo, grupos mais dedicados à mobilização política se encontraram com grupos mais atentos à produção cultural, a maioria deles tendo um modo de operação horizontal, informal e aberto. Estamos falando de grupos preocupados com a ameaça dos monopólios e dedicados à democratização dos meios de comunicação e a mudanças sociais profundas.

Houve um reconhecimento, nessa interação, da complementaridade entre esses dois campos e surgiu daí uma cooperação espontânea e que representou mais uma oportunidade de junção entre cultura e política, uma aproximação sempre lenta desde sua última cisão durante os anos de chumbo.

Tal período coincide com o refluxo brasileiro das mobilizações antiglobalização, com a ascensão da esquerda institucional ao poder e com a vinda da web 2.0. Então é um momento de transição.

O Encontro

Nesse novo contexto, houve um imbricamento entre iniciativas governamentais, empresariais e "ativísticas" -- digamos assim -- que suscitaram diversos questionamentos acerca da apropriação do trabalho e mesmo das lutas de diversos grupos e movimentos.

Um dos muitos espaços para esse tipo discussão foi o Encontro: Cultura Livre e Capitalismo, cuja iniciativa independente e autônoma -- sem financiamentos, sem editais, sem patrocínios -- permitiu a reflexão sincera e sensata na medida do possível e das limitações do momento.

Foram dois dias de debate em torno de três temas:

  1. Ativismo, voluntariado e trabalho assalariado.
  2. Financiamento e autonomia.
  3. Exploração 2.0.

O áudio completo do evento está disponível no site do encontro (https://encontro.sarava.org) junto com algumas notas das discussões. Arquivos de lista de discussão também estão disponíveis mediante inscrição.

Conclusões

Dos muitos pontos levantados, destaco as seguintes conclusões de algumas/alguns participantes. Não pretendo me esmiuçar sobre eles mas apenas fazer um rápido passeio.

Apropriação energética e simbólica

A expropriação de valor, isto é, a exploração do trabalho, ocorre hoje até em situações sutis onde até o simbólico é apropriado pelo mercado ou por governos.

Dois exemplos foram mencionados durante o encontro que valem ser destacados, mas que não representam necessariamente os primeiros episódios de apropriação:

  1. O software livre surgiu como contraponto à nascente indústria de software cujo lucro se concentrava na restrição de acesso, modificação, execução e distribuição de código. Hoje, as principais frentes de desenvolvimento de software aberto são controladas por corporações multinacionais ou fundos de investimento. Assim, o trabalho de uma comunidade passou a se tornar parte do processo produtivo.
  2. Na época, comentava-se que a plataforma como o Youtube foi vendida por mais do que o preço da Vale do Rio Doce durante privatização. Tucanagem e privataria à parte, a comparação é impressionante: dado que o valor do Youtube era menos pela solução técnica da plataforma mas basicamente pela sua base de usuários/as, sua audiência e pelo seu acervo de vídeos construído pelos próprios usuários, que não apenas enviaram vídeos como também realizaram tarefas de classificação e recomendação. Ou seja, o valor da plataforma veio de um trabalho não remunerado, uma extração de mais-valia absurda comparável à extração de mineral da sua equivalente 1.0.

Participar de uma comunidade aberta passou a gerar valor passível de extração. Pior: instituições poderiam influir -- pagando, por exemplo, salários aos gestores, antes voluntários/as -- para definir as linhas de atuação da comunidade.

A produção de conteúdo passou a gerar lucros enormes mesmo quando voluntária e não remunerada. Ou mesmo alguns ativistas passaram a ser interessantes no mercado do simbólico pelos contatos que conseguiam mobilizar.

Estariam também os grupos de mídia livre sujeitos a esse tipo de exploração?

Tomada de consciência

Que muitas dos/as participantes que se consideravam apenas ativistas passaram também a se enxergar como trabalhadores/as. Tanto pelo reconhecimento das novas dinâmicas de apropriação de valor quanto por muitas delas se encontrarem num momento no qual a atuação profissional passou a ser um aspecto crucial na vida: algumas pessoas tendo filhos/as, outros/as encerrando formação profissional ou precisando sustentar a família.

Isso pode ser entendido, antes de tudo, como uma outra tomada de consciência por parte dos/as ativistas. Por outro lado, isso pode complicar ainda mais as coisas.

Assim, como separar o ativismo do trabalho? Agir também não é trabalhar? Não está no trabalho a fonte da ação? De modo que a exploração e a luta agora podem vir de diversos lados.

Pode-se agir no trabalho, porém os formatos desse tipo de atuação -- diga-se sindicatos -- estão desgastados pelo tempo. Pior ainda, muitos empregos hoje exigem um perfil ativista, engajado, dinâmico, desafiador e com isso se apropriam de formas e conteúdos de lutas passadas ao mesmo tempo que tendem a neutralizar qualquer tentativa de contestação direta.

Pode-se trabalhar no ativismo, porém surgiu a percepção de que talvez esse ativismo como era -- ou talvez ainda seja -- praticado também comece a apresentar sinais de fadiga contestatória, visto que as mesmas práticas -- e por vezes os mesmos discursos -- hoje são língua franca e ação corrente no meio corporativo e governamental. Da mesma forma como muitos dos discursos da Geração 68 e da contracultura se tornaram mantras da gestão empresarial 20 anos depois.

Como medida paliativa, algumas pessoas se manifestaram a favor de uma separação, mesmo que artificial, entre o tempo de trabalho, digamos "clássico", um emprego assalariado, e o ativismo, também já se tornando clássico, desepenhado no tempo livre.

Inovação da dissidência

Este talvez seja o ponto de maior impacto: se existe uma apropriação até dos sonhos de mudança e se o trabalho está presente até nas microatividades capturáveis, haveria um escape estratégico?

A meu ver, a constatação mais profunda foi de que a dissidência pode cumprir também um papel de inovadora dentro do capitalismo, seja pela apropriação da sua produção técnica ou mesmo pela inventividade mais genérica.

Podendo até desempenhar papel preponderantemente anticíclico durante crises, para evocar uma interpretação keynesiana.

Ou mesmo uma interpretação de fundo teórico oposto, uma visão schumpeteriana na qual os movimentos sociais -- e não apenas a iniciativa privada -- podem atuar como agentes criativos que auxiliam na perpetuação do capitalismo.

Seria então, talvez, uma leitura simplesmente libertária de que a cada geração uma parcela de ativistas é cooptada, ou suas formas de agir são copiadas, para efetuar as calibragens necessárias para o bom funcionamento do sistema?

Como inventar a próxima forma de luta que seja ética e eficaz sem que ela seja rapidamente apropriável?

Até onde a visão do nosso tempo alcança, parece que as idéias nos servem por um tempo, mudam o mundo e se desgastam, não servindo mais para a mudança. Então outras novas idéias são necessárias, que rapidamente são abarcadas por um capitalismo com fronteiras se expandindo até seu limite, seja ele o esgotamento ambiental ou o gatilho marxiano das quedas tendenciais -- dois fortes componentes para o agravamento da atual crise financeira. Calma, já estou acabando a fala.

Hoje é até mais difícil pensar em alternativas, uma vez que muita gente está de olho grande nos movimentos sociais para extrair qualquer novidade saída do forno.

O exemplo da nossa geração de ativistas foi a própria web 2.0. Ela não surgiu dos deparamentos de pesquisa e desenvolvimento. Ela surgiu das ruas, da necessidade de comunicação durante protestos e da iniciativa de programadores/as que desenvolveram as primeiras plataformas de publicação aberta, alguns dos quais foram eventualmente absorvidos pelas empresas de tecnologia, mesmo que ainda sejam ativas politicamente.

As mídias sociais foram inventadas pelo campo social, elas não precisaram ser tornadas sociais, diferentemente da internet, que surgiu como rede academico-militar e posteriormente trazidas a público.

A problemática hoje pode até se piorada: nem sempre os movimentos sociais se beneficiam a longo prazo das inovações por eles criadas: enquanto a web 2.0 serve a cada dia mais para confinar a informação numa infraestrutura corporativa alheia à privacidade e colaboracionista, muitos grupos perderam a capacidade de ter seus próprios meios de comunicação ao mesmo passo, ou melhor ainda, que seus equivalentes comerciais.

Pode-se disso tudo extrair leituras, até que ponto equivalentes? Uma fatalista, alguns diriam frankfurtiana, de que está tudo dominado. Ou então perceber que cada geração vislumbra uma chance mas que sempre falta algo para trazes as mudanças sociais necessárias para uma sociedade justa onde o ser humano não explore seus semelhantes.

Enfim, em 2007 a problematização chegou até esse limite.

Encaminhamentos

Do encontro, foram tiradas as algumas propostas de encaminhamentos.

É importante ressaltar que tais encaminhamentos não foram consensuais, mas sim protocolares: cada encaminhamento foi composto por diversos items, cabendo a cada grupo ou indivíduo escolher quais items utilizar, caso queira.

1. Conjunto de Licenciamento Livre

O Conjunto de Licenciamento Livre, uma experiência que objetivou evitar que ao menos parte da produção informacional dos grupos e pessoas interessados/as não seja indevidamente apropriada.

O Conjunto de Licenciamento Livre é uma máquina mental de produção de licenças de copyleft similar ao Creative Commons, porém mais alinhada às licenças da Free Software Foundation mas permitindo outras possibilidades de proteção da informação.

2. Criação do Princípios das Mídias e Grupos Livres

Teve como uma de suas metas auxiliar os grupos a se indentificarem entre si quais possuiam éticas de atuação compatíveis e que portanto poderiam ou não atuar conjuntamente. Ao contrário de muitas interpretações, a meu ver os Princípios não foram uma tentativa de "purificar" o "movimento" mas sim dar base para que grupos pudessem questionar outros grupos durante a negociação de um trabalho conjunto. A aplicação dos Princípios levaria a uma definição dos grupos. Por exemplo, um grupo poderia ou não adotar o dado princípio de que apenas trabalha conjuntamente com outros grupos que não se utilizam de trabalho remunerado.

Críticas e observações

Diversas foram as críticas observações ao evento e seus encaminhamentos:

  1. Ambos encaminhamentos sugerem uma visão prática ante um tema no qual não se chegou a nenhum consenso. Com a impossibilidade de definição comum sobre essas questões, restou apenas elencar possibilidades de atuação minimamente aceitáveis.
  2. O Encontro foi polêmico e para muitas pessoas foi ele interpretado como caça às bruxas ao invés da tentativa de se chegar a um entendimento da conjuntura e das mudanças necessárias para o trabalho no ativismo e para o engajamento no trabalho.
  3. O Encontro não conseguiu mudar muitas práticas ou ampliar a discussão.
  4. Ele pode ser considerado como uma ruptura dado que muitos grupos deixaram de trabalhar juntos por conta de incompatibilidades políticas que se tornaram patentes.

Um aspecto definitivamente positivo foi o incômodo causado pelo Encontro, um forte sinal de que ao menos ele conseguiu, naquele momento, formular questões pertinentes e que dificilmente depois foram abordadas com o mesmo senso crítico.

Perda da continuidade

O Encontro foi seguido por alguns meses de atividade no seu sítio e lista de discussão, porém dois fatores foram preponderantes para que houvesse uma interrupção:

  1. Falha em manter o debate por conta da ruptura entre diversos grupos. Em certo sentido houve um revertério, uma ressaca levou ao distanciamento também das discussões.
  2. O sequestro pela polícia do servidor onde se encontrava o sítio e a lista de discussão promoveu outra ruptura, desta vez na comunicação e na memória, que contribuiu ainda mais para a perda da continuidade.

Hoje

A primeira edição do encontro ficou restrita a um círculo relativamente pequeno de grupos se comparado com a proporção adquirida pela recente polêmica sobre o assunto e que encorajou a realização desta edição.

Espero que tenhamos um bom debate e que consigamos tirar encaminhamentos. O texto desta apresentação estará disponível em breve no sítio do encontro.

Metodologia

Princípios propostos:

  • Falas sintéticas.
  • "Bastão da fala" (o próprio microfone, para quem está presencialmente).
  • Passar para "modo inscrição" se necessário.

Fala Introdutória - Henrique

Eixos. Novas formas de exploração; novas formas de representação política; trabalho e não-trabalho; projetos (diversidade de projetos é bem diferente de ausência de projetos).

Debate aberto

Alerquino / Bráulio

Possibilidades: um mercado "pós-capitalista"; relações diferenciadas com Estado e justiça, para lidar com abusos e a apropriação das nossas atividades.

Cara do Ruraldeli [??] (Rádio Tarrafa)

Ligado a diversas rádios livres.

Fabiano

Educador / Professor de Filosofia. Interessa investigar de que modo as pessoas sao educadas atraves da cultura e da arte. Pensar relações entre educação, arte e cultura; como se dão no capitalismo estético / cognitivo.

Gavin

Paralaxe teórico: pós-estruturalismos, de um lado, e economia política (principalmente marxista) de outro; às vezes se entrecruzando, às vezes não. O que me fascina nesse debate sao os limites teoricos e praticos. As ambiguidades da nossa pratica.

Pedro/PasseLivre

Pelo que soube a reedição do evento ocorreu também, em parte, por conta dos debates a respeito da Marcha da Liberdade (os artigos no PassaPalavra etc.). Fiz parte da organização da Marcha, e achei que era importante entender melhor essa discussão.

Felipe Fonseca

TiagoPaixao

Sou desenvolvedor do Softwarare e ligado questao do Software Livre. Este ano assumi a coordenação do Flisol. Ligado ao Projeto Cauã [?], bolado pelo John "Maddog" Hall, ligado a comunidades carentes.

Miguel

Estava bastante sobre propriedade intelectual e milita e estuda sobre questoes ligadas a isso. Participou do encontro em 2007. Apropriacoes sao cada vez mais relevantes na producao cultural e os velhos modelos vao ficando pra tras. Acho que e bom debater quais alternativas temos nesse contexto.

Cara do Ruraldeli [??] (Rádio Tarrafa)

Lembrando a todos que tomem cuidado ao usar o Facebook, por exemplo, uma vez que hoje em dia o padrão não é mais o https.

Pedro

Acho que a superexposição às vezes não é tão problemática em termos de segurança. A ABIN já sabe quem eu sou, e quem é muita gente aqui. O Facebook foi muito funcional na campanha pelo Passe Livre, não dá para negar isso.

Gavin

Lembremos os londrinos que foram condenados a 4 anos por combinar uma depredação que não ocorreu. Quem decide o que é ou não subversivo nas nossas falas não somos nós.

Arlequino

Às vezes, a ilusão de privacidade ou segredo é mais problemática. Em Seattle, uma técnica era não registrar / fechar determinadas informações; por exemplo, combinar que tal rua precisa ser fechada, mas sem determinar como isso será feito.

FelipeFonseca

Facebook não é espaço público, isso é uma diferença crucial.

Rhatto

Foco: no ultimo encontro Cultura Livre e Capitalismo a analise foi que a web 2.0 foi criada no campo social e apropriada pelas empresas. É uma contextualização alem da segurança: temos uma produção de cultura livre ou isso foi absorvido?

Henrique

cibernetica = controle

Pedro

Estão usando lorea. Trabalho de base numa escola da zona sul, a direção da escola tá perseguindo a galera pelo Facebook. Eles/as não tiveram as manhas de usar o lorea, é pouco intuitivo, difícil comparar com o produto de uma empresa capitalista. No Linux tive a mesma experiência -- de ser pouco intuitivo.

Diogo

Em relacao a questao do facebook, acho que esta claro que voce esta la por que as pessoas que voce se relaciona estao la. Voce escolhe participar de uma rede social pq as pessoas estao la. Esse mapeamento, esse controle, e um controle social e nao da tecnologia em si, ja que esse controle pode-se dar em diversas redes diferentes. Google e Facebook não são empresas de tecnologia, mas sim de marketing. Elas usam a tecnologia que for mais interessante, inclusive software livre; mas o foco central não é a tecnologia, e sim o marketing.

Fernao

Estava no outro em encontro em 2007 e acho que em 4 anos, mudou muita coisa. O "intuitivo" é algo complicado. Será que devemos ir mesmo para o intuitivo, para o que é o mais fácil? Acho que é importante também discutir sobre tecnologia e técnica. Minha militância envolve tecnologia, mas o quanto será que o que investimos em servidor, p.ex., não drena parte dos nossos recursos -- e faz movimentar uma outra roda... O quanto isso não nos afasta da rua, por exemplo?

Bruno

Esse ambientes sao ambiguos, assim como a discussao de publico e privado. Depende de como eles são tensionados: podem ser usados para controle mas também para auto-organização.

Luciano

Professor universitario. Ouvindo todos falarem da uma saudade da velha alienacao, da alienacao classica". Antigamente estavam todos, a massa, nas fabricas. Acabei de ouvir aqui que a tecnologia surge do engajamento, o que e novo pra mim.

Alienação engajada e fragmentação.

PabloSoto/Espana

Todos sabem sobre o movimento dos indiganados. o que esta surgindo la vem de uma massa importante da populacao e involve muito o uso das redes sociais. Como as convocatorias pela internet, pelo facebook na divulgacao das acampadas.

Tráfego de internet tem sido multiplicado desde o início dessas campanhas. Continua-se usando Facebook para divulgação, mas para organização tem-se migrado para ferramentas criptografadas, mais autônomas. Conectar as redes com as ruas.

Fabiano

Questão central parece ser o embaralhamento público / privado, que é um dado da contemporaneidade. Mas penso que a estratégia melhor seria, dentro desse espaço mesmo do controle, criar linhas de fuga.

Cara do Ruraldeli [??] (Rádio Tarrafa)

O Facebook tem que ser só o gancho, para levar as pessoas a atividades mais significativas.

Henrique

Cultura livre, e trabalho. Como eles podem ser ambos direcionados tanto a emancipação, como a exploração e captura. Nós nos identificamos com os trabalhadores como a enfermeira, mencionada aqui antes, ou o professor da escola pública que ganha R$7/hora? Será que nós no Brasil seremos os proximos indignados daqui ha 10 anos?

Nina

Jornalista, preocupada com o controle da informação; questão de as ferramentas de busca oferecem conteúdo personalizado, a reforçar as nossas percepções prévias.

Sistemas de busca que redirecionam para os mesmos amigos, para a mesma informação, isso é um problema.

Alerquino

Às vezes as pessoas pensam que a questão de privacidade, nesses casos, é de que outra pessoa está conhecendo nossos dados. Mas não tem alguém do outro lado, e sim um grande algoritmo que os transforma em valor para o marketing.

Nós não temos acesso a esses dados, e por isso penso que deveríamos trazer um conceito novo, de privacidade coletiva. Colocar isso na esfera pública: que essa apropriação é problemática, inaceitável.

Fernão

Geração de perfis é característica do capitalismo: quando ele consegue separar tudo, ele consegue apropriar-se. Tem a ver com a isolação mútua, também.

Dedo

Pedro/UniversidadeNomade/RJ

Acho que teoms que trabalhar e discutir mais sobre a dualidade do processo, e nao sobre publico/privado. Acho que a rede em si nao é essencialmente controladora e/ou libertaria. Mas ela coloca em questao os modos mais hierarquicos. Mas ela nao é a solucao em si. Sobre militancia e engajamento: se formos depender disso pra fazer algo, estaos ferrados. Depender eternamente da militancia.. eu acho que, como o movimento na espanha mostra, temos que sair disso, temos que colocar mais pra questao que a luta é a propria vida. Se voce leva a coisa como uma forma de vida, isso e muito mais potente e relevante do que esperar a militancia.

A luta é a própria forma de viver. Chega de apelos à militância e ao engajamento!

A rede nao é nem libertaria, nem controle por si só. O fato de existir rede ela coloca em questao os modelos hierarquicos. A rede é o espaço de conflito. Hoje em dia vamos discutindo o open business (software livre e google).

Fabiano

Links linhas de fuga

Pedro P

Relacao de auto sustentacao e trabalho militante.

 tempo x militancia

 Marcha da Liberdade experiencia com o FdE

Como fazer sua militancia nao virar trabalho e seu trabalho nao virar militancia

Miguel

Não é porque público / privado estão se modificando e embaralhando, que a gente deva dizer que hoje é tudo indiferente. Ok: a rua, como espaço público, sempre foi em alguma medida espaço de controle (pelo Estado); mas num Facebook esse controle é muito mais intenso e amplo, e sem nem a menor pretensão de democracia. É um espaço de conflito, mas com regras fortes e bastante unilaterais. A questão da privacidade coletiva é interessante. Normalmente pensamos na privacidade como algo individual: o sujeito, individual, que é observado (e, por exemplo, perseguido politicamente). Mas aqui, a questão não é mais só essa: para o marketing, não é exatamente o conteúdo do dado individual que conta, mas o agregado dos milhares de usuários das redes sociais. E eles contam não porque darão início a perseguição política, mas “perseguição” mercadológica: cada vez mais, persegue-se o anúncio que nos tocará mais profundamente, e que aumentará a chance de “conversão”.

FF

Apropriacao K, apropriacao inversa.

Rotas de fugas, desvios, cuidado para nao se perder, achar que esta hackeando enquanto esta sendo hackeado.

Inovacao socialmente relevante, que surge em mov. como fazer com que essas iniciativas tenham investimentos.

Mercado das industrias criativas

Como fazer pressao politica para fazer com que o mo??

Diogo [?]

Contribuição ligada ao debate passado -- discutíamos Myspace e afins, agora discutimos Facebook... será que vamos sempre ficar correndo atrás?

Alienacao classica nao faz falta. Ela está ocorrendo ainda -- na China!

Bruno

Parece que estamos fazendo uma negação do formato emprego, mas que o trabalho continua lá. Trabalhamos em casa Formas de se pensar o trabalho, pensar em si e nos outros.

Diogo

Nao acho que somos os gardioes da inovacao. O exército produz muita inovação. Somos guardiões da inovação barata, de baixo custo.

Alexandre

O mov, SL eh o padrao para ver como resolver os problemas, Wikipedia, CC, todos esses têm o SL como matriz.

Apple x Red Hat é uma boa comparação, e a diferença central é a acumulacao de capital. SL tenta transformar o processo de forma que ele nao tenha acumulacao. Como sair da acumulacao de vez e ir para dentro da cultura e do dia dia, como passar isso para a cultura???

Wikileaks, FSF, Red Hat, cooperativas agroecologicas.

Migrar para a colaboracao voluntaria e uma economia de servicos.

produtos = servicos

Pedro Rio

Cultura Livre x Capital

Utilizacao de verba publica por aqueles que nao a usam de forma justa?

Compartilhar a riqueza, e não a miséria: é complicado quando decidimos fazer tudo no âmbito da cultura livre, não vamos atrás de verba estatal -- e quem passa a pegá-la é, literalmente, a Rede Globo... Nao temos escolha num certo sentido, temos que disputar a verba do ministerio. Quais sao os modos de vida que vao contra a acumulacao.

Pablo (SP)

O encontro de 2007 foi o de uma geraqcao que se juntou no final da decada de 90, onde quase todos tinha virado trabalhadores do Estado.

O porém é que não tiramos encaminhamentos políticos a respeito de como tratar a questão de forma coletiva, e não apenas por estratégias individuais.

Renda basica talvez seja um encaminhamento nesse sentido.

Outra coisa que não surgiu lá foi o reconhecimento da nossa participação na "revolução" das redes sociais: Twitter, Craigslist, Vimeo etc. -- tudo teve o dedo de gente que era do nosso meio (principalmente CMI).

Dilema: sacrificamos a liberdade política (via nossa privacidade), em serviços "gratuitos"? Ou sacrificamos a democratização, em serviços pagos? Isso nos remete outra vez à renda básica.

Henrique

Necessidade de articulacao demanda por novos direitos Ideia da "privacidade coletiva", citada pelo ArleKino pode ser traduzida na ideia de apropriação do comum -- aquilo que todos produzimos coletivamente.

Só pra indicar, nas falas aqui na roda surgiram comentários em torno dos seguinte eixos: -Constituicoes de novas formas de representacao politica. -Economia colaborativa: transformação nas formas de produção, distribuição e consumo; versus mecanismos de mercantilização. Exemplos (a partir da experiencia do software livre) da utizaçã de mecanismos de mercado para se alcançar objetivos de mofificação do circuito economico. -Afirmacao da multiplicidade/diversidade de projetos face á ausencia de projetos.

Dedo

Nao dah para ser puro. Acho compreensível mesmo quando vejo, digamos, o Fora do Eixo correndo atrás de verbas públicas, ou as omunidades de SL usando verba de grandes empresas capitalistas. Podemos usar e difundir estratégias e ferramentas tanto livres como contraditórias -- mas o central é que sejamos capazes de divulgá-las lá fora, na rua.

Pedro P

Sugestao para continuar a discussao da sobrevivencia.

Eu/Individualismo - individuo atomizado

Problema: Vivemos na escassez de recursos.

Sustentacao das pessoas.

Flavia V.

Se guiar pelos novos modos de vida possiveis.

Importancia da territorialidade.

Proposta sobre novas economias, pensar a sustentabilidade.

Inovacao tecnologica. Resistencia do meio ativista de discutir economia e falar sobre dinheiro. Penso que deveríamos efetivamente construir um fundo coletivo autogestionário.

Sem rede nao eh possivel se pensar nessa nova forma de economia.

(Flavia leu o mapa mental que ela desenhou a partir da discussao.)

Capital ficiticio e crise?

Fragmentacao facilita a apropriacao.

Compilação de algumas falas da manhã

Falas da manhã Δ também disponível em http://piratepad.net/up/Nn0jIPthpJy+jjho-skrDtL6SD0-.docx


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